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Juliana Royo e Kamila Pitombeira
31/05/2011
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Com a produção orgânica cada vez mais em alta no mercado, surgem novas tecnologias e técnicas para facilitar a vida do produtor voltado para esse tipo de cultura. Um exemplo disso é a sementeira com controle físico das ervas espontâneas da cebola, desenvolvida pela Epagri Estação Experimental de Ituporanga. O sistema promete diminuir o custo do produtor com mão-de-obra, além de gerar mudas mais sadias e uniformes, devido a não utilização de adubos químicos ou herbicidas.
Segundo Hernandes Werner, pesquisador na área de agroecologia da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina), esse sistema se utiliza de folhas de jornal ou bobina de papel, com gramatura de 80g/m². Uma bobina de 20kg cobre em torno de 400m² de canteiro.
— Esse papel é depositado sobre a superfície do canteiro e, sobre esse material, se coloca uma camada de 2cm a 4cm de composto, que é um material que pode ser produzido na propriedade ou comprado de empresas que o produzem, o que não deixa de ser um adubo orgânico de qualidade, produzido a partir de resíduos de animais e palhada — explica o pesquisador.
Ele afirma que, quando o produto está pronto para o uso, é guardado para ser usado na sementeira. Então, coloca-se a folha de papel, uma camada de composto, faz-se a semeadura sobre esse composto e cobre-se a semente com uma camada fina de serragem. A partir daí, é só irrigar e manter o canteiro bem trabalhado.
— Normalmente, as ervas nascem do solo. Como colocamos uma folha de papel, a raiz das ervas, ou mesmo a raiz da cebola, consegue perfurar o papel. Mas, lá embaixo, quando a semente quer germinar, a folha dela não tem estrutura para perfurar o papel. Então, ela acaba germinando, mas morre embaixo do papel — diz.
Werner fala ainda que o objetivo do trabalho é reduzir a mão-de-obra no sistema agroecológico, onde não se podem usar herbicidas químicos para o controle de mato. Portanto, controla-se esse mato com a técnica descrita acima para produzir mudas no sistema orgânico.
— Conseguimos produzir mudas isentas de doenças e bem vigorosas. Se o sistema não fosse utilizado, precisaríamos usar mão-de-obra de cinco a seis pessoas por dia para remover as ervas dos canteiros — completa o pesquisador.
Ele acrescenta que as ervas espontâneas competem com as plantas por nutrientes e, principalmente por mão-de-obra. Isso porque, em vez dessa mão-de-obra cuidar de outras atividades, precisa cuidar da produção de mudas, tirando as ervas do meio dos canteiros, o que encarece a produção. Já com o sistema, Werner garante que o produtor consegue obter mudas mais sadias e mais uniformes, pois não usa adubo químico, herbicidas e muitas pulverizações para o controle de pragas.
—Podemos dizer que também usamos algumas pulverizações, mas são nutrientes que oferecemos via foliar para deixar as plantas mais resistentes e evitar a ocorrência de doenças nos canteiros — afirma.
Werner conta que o sistema já é utilizado em Santa Catarina e Rio Grande do Sul por agricultores orgânicos. Ele diz também que o custo do sistema é totalmente coberto, já que o produtor economiza na hora da compra ou fabricação de compostos, além de economizar em relação ao uso de insumos.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Epagri através do número (48) 3239-5500.
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